A Paróquia de São José começou com uma pequena capela situada na esquina das atuais ruas Riachuelo e Marciliano, onde o segundo Anhanguera e seus bandeirantes assistiram missa em 1721, antes de partir ruma às minas de ouro de Goiás.

Vinte e seis anos depois, em 29 de julho de 1747, por ordem de Dom Bernardo Rodrigues Nogueira, que era o primeiro Bispo de São Paulo, inciaram-se os alicerces da Igreja de São José. Embora ainda não concluída a igreja foi solenemente inaugurada no primeiro dia de novembro de 1751. Outros dois importantes acontecimentos ocorreram naquela data em que se comemorava o Dia de Todos os Santos: foi erecta canonicamente a nova Paróquia de São José de Mogi Mirim e nomeado seu primeiro pároco, padro Antônio Dâmaso da Silva, ilustre membro da importante e tradicional família dos Andrada e Silva.

Foto Primeia Capela de Mogi Mirim - 1751

Padre Antônio tomou posse no dia 9 de novembro de 1751 e iniciou o livro do Tombo da paróquia com as seguintes anotações: “A Egreja d´esta freguezia é da invocação do Senhor São José, cuja festividade por ordem de S. Exa. Revma. o Sr. Frei Antônio da Madre de Deus, 2º. Bispo de São Paulo se celebra na terceira dominga de outubro, dia do patrocínio do mesmo santo. Tem de presente um só altar, que é o da Capella-mor. É feita de parede de pilão e o seu tecto acham-se ainda por forrar: e serve-lhe de sachristia internamente um dos corredores que fica ao lado da mesma Capella-mor.”

O segundo vigário da Paróquia de São José tomou posse em 2 de outubro de 1752. Dom Antônio Xavier de Mattos assim descreveu a paróquia e seus limites: “Compõe-se a freguesia de 72 fogos (casas habitadas por famílias), compreendendo o seu districto desde o rio e passagem da Tybaia até ao de Mogy-guassu, que fazem nove léguas, partindo d´aquela parte com a freguesia de Jundiahy e com esta com a do nome do mesmo rio… Os moradores e sítios os mais distantes da Matriz são de sete léguas…”

A seguir, o vigário descreveu o cemitério que ficava ao lado da igreja e que foi o primeiro de Mogi Mirim, dizendo que ele ocupava uma área de 45 metros de largura por 45 m de comprimento. Nesse local foram sepultados os falecidos bandeirantes e fundadores de nossa terra, além do vigário José Maria Cardoso de Vasconcellos (Padre José) que morreu em 1881. No século XIX, a Matriz sofreu diversas reformas. Numa delas demoliu-se a única torre central e substituída em 1853 por duas torres e agulhas, realçando a beleza de nosso antigo templo católico.

Foto Matriz de São José - 1832

Foto Matriz de São José - 1875

Já no século XX, a primitiva igreja foi demolida (1928) e em 20 de outubro de 1928 lançou-se a pedra fundamental da nova Matriz. A construção teve cinco fases, com intervalos de alguns anos entre elas e em 19 de março de 1942 inaugurada, embora ainda imcompleta. O projeto foi elaborado pelos engenheiros Rogério Vieira Tucci, de Mogi Mirim, Paulo Vieira Tucci, de São Paulo, Francesco Batazzi e Bruno Sercelli, formados pela Escola de Belas Artes de Roma, na Itália.
Como resultado uma belíssima catedral mesclando os estilos gótico e romano, tendo 68 m de comprimento por 25 m de largura e totalizando 1.700 m2 de construção e onde foram empregados 1,2 milhão de tijolos, 2.400 m2 de areia, 1.200 m2 de pedregulhos, 2.500 telhas francesas, 12.000 sacas de cimento, 12.000 sacas de cal, 50.000 kg de ferro redondo, 28.000 kg de trilhos de aço, 1.500 m2 de mosaicos e pisos, 1.200 m2 de madeiramento, 1.350 m2 de estuque e lajes, além de outros componentes. Números gigantescos para uma obra portentosa e verdadeiro orgulho dos mogimirianos.

Como curiosidade, podemos citar que a igreja deveria receber agulhas em suas duas torres e torretas nas suas laterais, mas esse projeto foi abandonado para atender o desejo do povo que apreciou bastante a aparência da igreja, chamando-a de “Notre Dame de Mogi Mirim”.
Além disso, a atual Matriz estava destinada a se construída onde hoje existe o coreto, mas um movimento surgido entre o povo modificou o local e sendo escolhido o atual, resultado da aquisição de um terreno e sendo outro permutado com a Prefeitura de Mogi Mirim.

Foto Matriz de São José

A Paróquia de São José de Mogi Mirim tornou-se ao longo dos séculos uma semeadora do cristianismo no estado de São Paulo. Foi a segunda paróquia e teve a primeira capela de uma vasta região paulista compreendida entre o leste, norte e oeste do estado. Agindo como célula mater, seus sacerdotes e fazendeiros espargiram a fé cristã por muitos locais. Um padre de Mogi Mirim, Monsenhor João José Ramalho erigiu a primeira capela de São João da Boa Vista e fundamentalmente essa cidade deve a ele sua origem; outro padre de Mogi Mirim, Dom Thomas Vaquero foi o primeiro bispo da diocese de São João da Boa Vista; o padro mogimiriano Roque de Souza Freire fundou e organizou a paróquia de Nossa Senhora do Amparo, sendo ainda seu primeiro vigário; o mogimiriano Dom Luiz Antonio Guedes e bispo Auxiliar de Campinas, foi o organizador da nova diocese de Amparo; antes de ter sua primeira capela, a atual Itapira e então denominada “Penha de Mogi Mirim” teve seu primeiro símbolo cristão – uma cruz – erguida por fazendeiros mogimirianos naquele antigo bairro; o vigário da Paróquia de São José de Mogi Mirim, padre Antonio do Prado Siqueira, em 1774 co-celebrou a primeira missa inaugurando a Paróquia de Campinas.

Parabéns Mogi Mirim por ter em São José, homem justo, seu protetor e padroeiro.